Se Richard Dawkins definiu '
meme', defini eu há uns meses atrás [que se saiba] quando decidi o nome a dar a este modesto blogue, o que seria '
Braganzónia'. Contracção de
Bragança, território correspondente à metade Norte do Concelho, integrada no Parque Natural de Montesinho, e
Amazónia, terra de índios escorraçados pelo poder político Brasileiro. A fazer justamente lembrar o desprezo com que os [índios] filhos do Nordeste Transmontano sempre foram tratados pelo poder político de Portugal.
Por isso que, sendo a região fronteiriça de Bragança para muitos, os que a visitam, um verdadeiro '
Paraíso Natural', para os que nela [sobre]vivem pouco mais tem sido, ironicamente e ao contrário de 'Madeiras' e 'Algarves', do que um pedaço de terra rude e hostil, onde grande parte das populações vive ainda tal como vivia há cem anos atrás, na quase completa ausência de condições de vida decentes e próprias do séc.XXI de que os restantes, mormente os do 'Litoral', disfrutam desde há décadas...
Adiante!
A metade Norte do Concelho de Bragança, na fronteira com Espanha, coincidente com a área classificada em 1979 como Parque Natural [de Montesinho] é, ainda, uma região extremamente rica do ponto de vista paisagístico onde é possível observar um conjunto notável de
ecossistemas naturais e semi-naturais diferentes e variados, que lhe conferem um aspecto de permanente mosaico de paisagens.
Tal variedade resulta, por um lado, de condições naturais específicas — o relevo, a geologia e o clima — propícias ao desenvolvimento de uma fauna e de uma flora muito diversificadas. Advém, por outro lado, da transformação realizada pelo 'Homem' neste meio natural ao longo do tempo, através da agricultura e da pastorícia, levando lentamente ao aparecimento e à manutenção de ecossistemas semi-naturais que vieram enriquecer ainda mais a elevada
diversidade biológica existente.
A região é parcialmente constituída por zonas planálticas com altitudes que variam entre os 500 e os 750 metros, interrompidas por serras e vales cavados na bacia dos principais rios que as atravessam, de Norte para Sul, resultando dessa forma num relevo vigoroso que atinge os 1.486 metros de altitude na
Serra de Montesinho.
O clima é bem caracterizado pelo ditado popular —
nove meses de Inverno e três de Inferno — já que a uma curta Primavera se sucedem três meses de Verão em que as temperaturas máximas chegam a ultrapassar os 40 graus, para dar lugar a um breve período de Outono que antecede um rigoroso Inverno em que frequentemente se registam temperaturas inferiores a 15 graus negativos.
A flora local reflete inúmeras variações naturais para além das que foram introduzidas pela actividade do 'Homem'. O que antes terá sido um maciço de florestas de carvalho-negral [Quercus pyrenayca], de sobreiro [Quercus suber] e de carvalho-cerquinho [Quercus faginea], é hoje uma mistura multicolor de seculares
carvalhais, sardoais e soutos de castanheiro, juntamente com pinheiros, freixos, vidoeiros, cerejeiras e outras espécies arbóreas autóctones, complementadas por extensas zonas de mato de altitude em que apenas cresce a urze, a giesta, a carqueja e a esteva.
A grande diversidade de '
habitats' e a relativa falta de perturbação ambiental conferem a esta área uma significativa importância faunística a nível Europeu, pela existência de espécies ameaçadas de extinção — o lobo ibérico, a águia real, o lince ibérico e a cegonha negra — bem como de espécies raras e vulneráveis — a lontra, a marta, a toupeira-de-água e a
víbora-cornuda — a que deverão acrescentar-se as espécies ditas cinegéticas, relativamente abundantes, como a lebre, a perdiz, o coelho, o corço, o veado ou o javali, sendo aqui possível encontrar cerca de 250 das 466 espécies de vertebrados terrestres referenciadas em Portugal [continental].
Há milénios que a região é povoada, conservando ainda vestígios arqueológicos em muitas das suas aldeias. A ocupação humana é atestada por gravuras rupestres datadas do
Paleolítico Superior que se encontram no Rio Sabor a escassos quilómetros da cidade de Bragança, sendo que apenas no
Neolítico Final essa ocupação se tenha estendido a toda a região. No período
Proto-Histórico ter-se-à já verificado um povoamento relevante, sendo disso testemunho os inúmeros povoados fortificados de cumeada que abundam na região.
Nos dias de hoje encontram-se algumas dezenas de aglomerados populacionais disseminados pela região, sendo na sua maioria, e exceptuando a sede do Concelho, lugares de pequena dimensão em que o número de habitantes mal chega aos 300 [
França].
Aqui [por fim] chegados, que cada um trate agora de desvendar por si, entre 'índios' e 'papanças', os segredos deste... '
Paraíso Natural'.
[Não há direito, pelo que me foi dado pesquisar, a 'pendurar' ou 'colar' no blogue qualquer 'quadro' ou 'autocolante'. Apenas o dever de, desinteressadamente, produzir algo que, como no meu caso, teve até a virtude de me afastar por algum tempo [levou uma tarde inteira a 'cozinhar' esta coisa] da 'burrice' política do Governo com que na maior parte dos casos vamos consumindo o nosso precioso tempo de forma inglória e frustrante]