"Queixou-se várias vezes de dores até ter pedido à mãe para tomar banho vestida e no seu quarto. Foi desta forma que Maria Emília Amaro Carvalho desconfiou de que algo de grave se passava com a filha, de seis anos, neste momento internada no Hospital de Bragança. Quando tiver alta, a criança irá para uma instituição de solidariedade, por decisão da Comissão de Protecção de Menores e Jovens em Risco Local.
'Perguntei-lhe o que tinha e ela contou-me que o avô tinha abusado dela, embora não tenha chegado à penetração', adiantou ao CM a mãe da criança, internada desde o dia 28 de Dezembro. Foram os médicos desta unidade hospitalar que deram o alerta ao Ministério Público, que está a investigar o caso. O avô paterno irá ser ouvido no próximo dia 23, no Tribunal de Bragança.
A menina, filha de pais toxicodependentes e desempregados, mora num bairro problemático de Bragança, mas todos os dias passava algum tempo com o avô, numa barbearia da qual é proprietário. 'Estranhei algumas coisas, quando vi as marcas nas virilhas e manchas nas cuecas. Perguntei-lhe o que se passava e decidi levá-la ao hospital', explicou Maria Emília Carvalho, de 28 anos.
Segundo conta, os médicos confirmaram as tentativas de violação e sevícias sexuais. 'Disseram-me que tinha uma micose grave nas partes íntimas e que tinha de ficar internada', referiu ainda a mãe.
José Luís Morais Nunes, de 28 anos, pai da menina, chegou a ser proibido de visitar a filha no Hospital de Bragança e não concorda com a decisão da Comissão de Protecção de Menores e Jovens em Risco de Bragança. 'Já me deixam ver a menina, mas não queremos a nossa filha numa instituição. Não fizemos nada de mal à menina e temos familiares que já se disponibilizaram a ficar com ela, caso não nos queiram dar a guarda', sublinhou.
Os pais não têm dúvidas quanto à culpa do avô paterno e afirmam 'confiar na história' que a menina contou. 'Só queremos que se faça justiça porque a nossa filha não mente. Ele tem de pagar pelo que fez à menina', afirmaram ao CM.
José Luís, desempregado e em liberdade condicional, acusa o pai de se aproveitar da sua condição para 'fazer pressões'. 'Tem insultado a minha mulher', afirmou.
A criança tem uma irmã mais velha, de 17 anos, residente no Porto e estudante no 12.º ano, que já esteve à guarda de uma instituição social. Contudo, desta vez, por entenderem não ter 'agido de forma errada', os pais querem o regresso da menina a casa e o avô paterno preso pelos alegados crimes de abusos sexuais."
"A menina de seis anos que se encontra internada no Hospital de Bragança, por alegadas tentativas de violação por parte do avô paterno, esteve à sua guarda durante um ano e sete meses, por ordem do Tribunal, período em que o pai da menina esteve preso por tráfico de droga.
'Enquanto esteve connosco nunca se queixou nem houve problemas', afirmou Ramiro Augusto Nunes, de 68 anos, que repudia a acusação de tentativa de violação da neta. 'Acusam-me do que não fiz. Estou de consciência tranquila, e quero que tudo se esclareça. É uma falsidade', disse ao CM Ramiro Nunes, que estava acompanhado da mulher, Corália Jesus Morais, de 61 anos.
A conversa com o casal decorreu na antiga barbearia de Ramiro Nunes, local onde é acusado de tentar violar a neta. Ramiro Nunes diz-se inocente e pronto para enfrentar a Justiça.
Atenta às palavras do marido estava Corália Morais, que, com a voz embargada, contou que viu a neta fugazmente no hospital, quando foi lá com a filha grávida a uma consulta. 'Quando a menina me viu, pediu-me para a tirar dali. É que depois de o pai voltar para casa fugia muitas vezes para junto de nós, pedindo comida', confessou.
Contam os avós que depois do dia 24 de Dezembro nunca mais viram a neta. Quatro dias depois receberam a má notícia. 'A minha nora telefonou à minha filha para dizer que o pai dela tinha violado a menina. Perguntei ao meu homem se era verdade. Ficou chocado com acusações tão graves. Depois de tudo acalmar prontificámo-nos a levar a menina ao hospital', concluiu Corália Morais.
Confirma que o marido insultou a nora pelo telefone assim que soube da acusação que lhe fizeram.
'Reagiu assim porque diz estar de consciência tranquila, mas ficou muito abalado porque é uma ingratidão para quem gosta tanto da menina, como é o nosso caso. Quero crer que a verdade virá ao de cima', diz.
Contudo, a avó da criança sublinhou que, caso a Justiça prove que o marido abusou da neta, 'ele deverá pagar pelo que fez'.
Os pais da menina, ambos de 38 anos, e os avós paternos, vão ser ouvidos no Tribunal, no próximo dia 23."
Este tipo de actos animalescos que a imprensa nos traz quase diariamente, pensava eu que só ocorriam no resto do país e que aqui, na Braganzónia, as mentalidades ainda eram as de outros tempos e que isto era coisa raríssima e impensável. Enganei-me!
Quando ontem li a notícia, embora de pé atrás por não saber de quem se tratava e face ao 'curriculum' do pai da miúda, pensei que alguém deveria fazer justiça por suas mãos e partir os 'cornos' ao tal avô.
Ao ver hoje a segunda notícia, já com a fotografia deste, fico a pensar que se calhar as coisas não serão bem o que parecem [ou que alguém tenta fazer parecer].
Conheço este homem há mais de quarenta anos, nos tempos em que o via jogar futebol no clube local [Grupo Desportivo de Bragança] e hóquei-em-patins no velho 'ring' do Jardim António José de Almeida. Era um atleta por amor à camisola, e na altura empregado na barbearia do senhor Barata. Sempre o soube honrado, trabalhador e honesto. E amigo do seu amigo.
Custa-me a crer que fosse capaz dos actos de que é acusado pelos pais da miúda. E não me custa a crer que o pai desta, condenado por consumo e tráfico de droga, tenha algo a ver com o que se passou [porque a 'história' me parece mal contada e uma pena por violação para quem está em liberdade condicional é uma chatice das grandes].
E gostava de não me enganar...